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  • Cintia Caciatori e Tiago Kestering

Visita aldeia Tekoá Marangatu

Eu sempre tive curiosidade de visitar uma aldeia indígena e tive o prazer de conhecer a aldeia Tekoá Marangatu na cidade de Imaruí, em Santa Catarina. O significado do nome é “lugar para viver em harmonia”.

Agora vou contar pra vocês todos os detalhes desta experiência, aqui tem o vídeo completo da visita e entrevista com moradores.


A visita

Para realizar a visita entramos em contato com uma professora da escola da aldeia. Ela, por sua vez, pediu autorização ao cacique. A única exigência foi que levássemos fumo de corda e erva mate. Estes produtos são usados em suas cerimônias.

O dia estava lindo! Depois de um inverno chuvoso, um calor gostoso tinha finalmente chegado.

Fizemos a visita num sábado de manhã. Chegamos por volta de 9:30h. Uma reunião estava acontecendo entre os moradores. Por isso o cacique nos recebeu rapidamente e nos deixou à vontade para conhecer a aldeia, avisando que falaria com a gente ao final da reunião.

Por voltas das 11h da manhã o Sol começou a torrar nossa cabeça! Decidimos então pegar as trilhas beirando o rio. Foi bem mais fresquinho, além de conhecermos uma cachoeira linda!


Assim começamos a caminhar pela aldeia. As casas são pequenas e algumas possuem um formato redondo, como se fossem realmente ocas. Já outras são feitas de madeira num estilo mais “urbano”. Há também outras estruturas de barro e telhado de palha. O estilo de construção é bem misturado, pois esta aldeia é bem conectada com a nossa sociedade.

Origem

A aldeia é de origem tupi-guarani. Originalmente, estes guaranis estavam localizados nas regiões de Massiambu e Morro dos Cavalos (Palhoça, SC). Porém, estas terras foram atingidas pela instalação da obra gasoduto Bolívia-Brasil. Assim, conseguiram uma indenização e se transferiram para a Cachoeira dos Inácios, em Imaruí, SC.


Religião

Na religião os índios são politeístas, ou seja, acreditam em vários deuses. Eles possuem um deus principal, assim como os cristãos, mas existem muitos outros, como o Sol, a Terra, a Água e assim por diante.

O Pajé é a autoridade máxima e responsável por conduzir os rituais religiosos e curativos. Além do Pajé, os anciãos são muitíssimos respeitados e ouvidos por todos.

Já o Cacique tem como função manter o relacionamento fora da aldeia. É ele quem negocia os interesses da comunidade e os acordos da melhor maneira possível. Porém, tudo é decidido entre os moradores com antecedência, de forma bem democrática.

Mais tarde, conversando com o cacique, ele nos contou que hoje fazem questão de interagir e mostrar a realidade indígena para quem se mostrar interessado e disposto.



Saúde

O cacique Irineu nos contou que, antigamente, havia o trabalho das parteiras, que auxiliavam no nascimento dos bebês, dentro da aldeia. Porém, além da profissão estar quase extinta, hoje praticamente todos os partos são feitos no hospital próximo, por questões óbvias de segurança. A aldeia também conta com a visita de agentes de saúde e eventuais serviços de odontologia e consultas médicas. Há uma integrante da comunidade que estuda odontologia na Universidade Federal de Santa Catarina, e seu objetivo é voltar para casa e prestar serviços à comunidade.


Educação e Idioma

A língua oficial é o guarani e muitos moradores não falam português. Dentro da aldeia há uma escola de caráter duplo: municipal - educação infantil e ensino fundamental I e II - em que os professores transmitem o conhecimento “dos brancos” e alfabetizam os pequenos em Língua Portuguesa; e estadual, que contempla ensino médio e educação de jovens e adultos. Para trabalhar em conjunto, há um professor indígena que faz o papel de intérprete. Além disso, a cultura e os conhecimentos nativos também são ensinados na escola.

Durante minha visita conversei bastante com o Sérgio. Ele me contou que hoje estuda na Universidade Federal de Santa Catarina. Os indígenas têm direito ao acesso pela política pública de ação afirmativa, também conhecida por lei de cotas.

Ele me contou que seu objetivo depois de concluir o curso é voltar para ajudar a comunidade. A filosofia de vida dos moradores em geral é sair para obter maiores conhecimentos, aprender a cultura dos brancos e retornar para trazer benefícios à comunidade.

Em nossa cultura, o objetivo é estudar para ter uma profissão e enriquecer. A cultura do enriquecimento é muito enraizada e difícil de desfazer.


Emprego e Fonte de Renda

Os indígenas trabalham para sua sobrevivência e jamais para enriquecimento. Inclusive isto nem é uma possibilidade, nem passa pela cabeça deles.

Nesta aldeia especificamente os moradores plantam sua própria comida. Existe uma plantação comunitária e também há os quintais nas casas de cada família. As mulheres fazem artesanato para complementar a renda.

A escola da comunidade também gera muitos empregos aos moradores. Cada família tem um integrante que trabalha na escola.


Assista ao vídeo completo:



Referência: terrasindigenas.org.br - Acesso em 16/12/2019.




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